sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cheguei!

Cá estou de volta!! Só blogo pra dizer que cheguei vivinha da silva, porém cansadíssima. Não consegui dormir no avião e estou podre. Parece que fiquei 36 horas numa rave tomando bola. Nunca fiz isso, mas acho que deve ser essa sensação! Passei a tarde ajeitando as coisas com a Anita, que veio comigo tomar chuva. Já tem celular, internet, tv a cabo em casa e comida pra sobreviver! Depois conto os detalhes da volta, com mala caindo na cabeça e tudo (no sentido literal)! Não perca o próximo capítulo da série!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Do outono pra primavera

Depois de mais um almoço soberbo após uma caminhada pelo centro velho fomos fazer coisa que mulher sempre faz antes de viajar: compras!! Passamos na H & M, uma tradicional loja e compramos calça jeans igual, boyfriend, essa mesma que está na moda. Somos coroas modernosas, ora se não!! Foi uma curtição. Parecíamos as meninas do Sex and the City versão nem tão sex nem tão city!! Estamos nos finalmente, só organizando a logística da saída. Devolução das coisas emprestadas, lavagem de roupa, limpeza do apê, entrega das chaves, ida ao aeroporto, etc. Daqui essa deve ser a última mensagem. Amanhã não venho à universidade. Gostei das experiências. Tanto de blogar como de falar sobre nosso trabalho acadêmico pros suécos. A minha idéia desde de o início foi compartilhar o que ia acontecendo por aqui, já que esse intercâmbio deve continuar ainda por um bom tempo. É apenas o começo de um relacionamento interinstitucional que, como todo começo, deve ser cuidadoso e respeitoso. Fiz alguns contato pra tentar, além da troca de professores e alunos, algum tipo de cooperação em pesquisa. Tomara que dê certo. Agradeço à Unisantos a possibilidade de ter sido a primeira a fazer a viagem e espero ter honrado a qualidade e a tradição da Universidade. À profa. Maria Helena meu agradecimento pela confiança. Se der, tento enviar alguma mensagem do aeroporto de Estocolmo, mas não prometo. De qualquer forma ainda vou contar a volta. A Anita está um pouco preocupada porque teremos apenas uma hora em Frankfurt pra baldear, e o aeroporto de lá é imenso. Se chegarmos em um portão muito distante do de embarque, ou houver algum atraso a baldeação pode complicar. Mas o vôo é pela Lufthansa, que prima pela pontualidade. É quase tão boa quanto as nossas companhias aéreas. Eles estão aprendendo conosco, têm futuro. A Anita preparou algum material pra levar contando bem mais e melhor sobre a Suécia, Lulea e a Universidade Tecnológica. Nos vemos por aí, se Deus quiser! Tô com saudades de abraçar as pessoas, aquele contato entre air bags, quando a mulherada se atraca!! Häj Da!!
E aí está ela por dentro!
Essa é parte de trás da Igreja!
Em compensação por volta das 13hs estava esse dia maravilhoso!
Esta é a vista de um lado da Igreja de Gammelstad, com as casas originais em volta.



Vejam a situação hoje cedo por aqui!!!

Haja casaco, gorro, cachecol e luva!!

Fim de temporada

Daqui a pouco vamos a Gammelstad ver com calma o centro antigo de Luleå. É meu último dia por aqui, e ainda teria muito o que ver. É um bom motivo pra voltar como turista, junto com a família. A tal da aurora boreal não mostrou as caras. É uma mulher difícil, tem que estar bem frio, céu claro e num lugar longe da iluminacão da cidade! Também já descobri que os dias curtos de inverno não são tão assustadores. A neve reflete a claridade da lua e não há aquela sensacão de breu total, como eu imaginava. Conheci lugares muito diferentes, pessoas interessantes e tentei me aproximar do dia a dia dos suécos do norte. Sempre fui tratada com respeito e consideracão, embora um estrangeiro de tão longe não seja nenhuma novidade pra eles. Aqui na universidade há professores da Índia, Sérvia e Hungria, por exemplo. Estão acostumados a usar o inglês. Todas as pessoas a quem perguntei se falava inglês responderam sim. Nos supermercados, restaurantes, lojas, todo canto. Menos na televisão!! Os quatro canais públicos foram uma tortura. Ontem fiquei acordada até mais tarde e achei que ia rolar um filminho americano, mas nada!! Tome previsão do tempo. Todas as vezes que ligo tem alguém prevendo o tempo. E olha que não acertam tanto assim! Em Santos tá fácil fazer a previsão: chuva de manhã, pancadas esparsas a tarde e em pontos isolados a noite. Batata!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre esportes e pneus

O intercâmbio está acabando. Escrevo na segunda a noite. Só tenho mais dois dias por aqui. Viajamos na quinta a tarde. Combinamos de deixar o dia pra fazer as malas e ajeitar a vida. Hoje passamos na Coop Arena, a arena do time de hóquei no gelo de Lulea. Tem uma loja bem bacana na entrada e a quadra é muito maior do que eu imaginava. Foi toda reformada recentemente. O próximo jogo será na quinta, quando estaremos viajando pro Brasil. Na TV noticiam sobre o campeonato nacional, o americano e canadense, que parecem ser os melhores. Há jogadores suecos nesses países e eles gostam de acompanhar. Vi hoje também que a Suécia perdeu a chance de ir pra próxima copa de futebol. Mostram sempre os gols do campeonato feminino de futebol, que é bem forte por aqui. Foram três semanas intensas. Muita informação pra ser digerida. Só hoje, por exemplo, pude ver de perto os pneus pra neve. Quando eu ficava no ponto de ônibus achava esquisito o barulho de alguns carros. Parecia que passavam sobre aquelas ranhuras que colocam na pista pra diminuir a velocidade. Mas elas não existem. O que existe são pneus pra neve ou gelo. Agora ainda não neva, mas de manhã os carros estão cobertos de gelo que precisa ser retirado com um raspador. Na loja do time de hóquei vi um com emblema e achei que fosse um porta copo. É um pouco maior e tem as bordas aparadas. No asfalto esse gelo fica invisível e os carros deslizam sobre ele, provocando acidentes. Os pneis (esse plural parece que cabe melhor) têm uns pedaços de aço pequeninos nas linhas de dentro e de fora. Por isso o barulho. Semana passada vi algumas pessoas trocando os pneis. Estavam de chapéis descendo os degrais! Agora intindi porque tanta gente pelejava com carro! É a temporada de troca de pneis! Tô tentando trocar o meu da cintura, mas ta difícil!! Tô desaprendendo o idioma. Converso com alguns alunos no MSN e é um desaprendizado só. Adoro quando um deles coloca aqueles bonequinhos amarelos. Minha filha pequena também gosta mandar umas animações, se divirto! A tecnologia me ajudou demais nessa temporada escandinava. Permitiu que eu continuasse trabalhando e brincando ao mesmo tempo, como sempre faço. Hoje to com saudades daí. Sei que quando chegar terei saudades daqui!!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


A rua onde estou morando. De noite, a grande maioria coloca pequenos abajures nas janelas, dando um toque acolhedor. As cortinas etão sempre abertas, deixando a privacidade aparecer!

JULIA & JULIE

Ontem fiquei na vontade de ver esse filme, com a Meryl Streep e a Amy Adams, dirigido pela Nora Ephron. Fui hoje na sessão das 18:15hs. Valeu o domingo, o sábado e muitos outros dias. O filme é um encanto. A Meryl Streep um arraso. Faz uma mulher tipo matrona Julia, nos anos 50, que acompanha o marido em Paris a serviço da embaixada americana. Ela grandona, com a voz desafinada aprendendo francês é um barato!! Adora culinária e tenta escrever um livro sobre o assunto para americanas. A Amy Adams, Julie é sua fã contemporânea, que se inspira na vida da outra pra aliviar a sua. Não quero ficar explicando, até porque não é um filme pra ser explicado. É simples, direto e delicioso como as receitas da Julia. Tem uma cena que parece do seriado da Lucille Ball, meio pastelão. Leve e divertido. Esqueci que estava do outro lado do mundo. Tava na viagem da viagem. Na volta o frio pega. Vou pro ponto de ônibus bem em cima da hora pra não ficar congelando. A calça jeans dá impressão que está molhada e a luva não dá conta da friaca. Chego em casa e vejo o termômetro: - 5°C. Por isso!! Em casa. O apartamento já é chamado assim por mim. Tenho gosto quando venho a pé e chego perto do fim da rua onde estou morando. O quentinho quando abro a porta e o cheiro que exala já se tornaram familiares. Mas pra minha casa mesmo falta pouco, alguns dias. To com muitas saudades da minha família. Vontade de agarrar os três e ficar apertando um tempão. Eles que se preparem, não vou dar mole!!

SABADÃO – Parte 2

Chego ao cinema às 15:30hs. Vi o cartaz do filme novo da Merryl Streep que adoro, mas começou às 14:45hs. Próxima sessão só às 18:15hs. Também tá passando o primeiro filme baseado na trilogia escrita pelo sueco Stieg Larsson. O autor morreu aos 50 anos, logo após entregar os originais na editora. Não soube o sucesso que fez. Antes de vir prá cá tinha acabado de ser publicado o terceiro em português. Quase comprei no aeroporto. Já li os dois primeiros e são ótimos! São livros policiais com personagens muito interessantes, fora dos estereótipos e com uma trama contemporânea. É sobre um jornalista, editor de uma revista chamada Millennium, que faz um trabalho investigativo pra denunciar falcatruas do mundo corporativo (no primeiro) e tráfico de mulheres (no segundo). Fico morrendo de vontade de ver, mas o filme é sueco, portanto, impossível. Decido ver “Fama”, uma releitura do original dos anos 80. Na bilheteria, pergunto se a moça fala inglês e ela me reconhece. É aluna da LTU e assistiu minhas aulas no primeiro ano. O mundo não é pequeno, a cidade que é. Pergunta onde quero sentar. Peço que ela escolha um bom lugar pra mim. No bilhete há o numero da fileira e da cadeira, como no teatro. Ela é muito simpática. Quando entro na sala ainda rolavam os traillers. Acomodo minhas tralhas, bolsa, sacolas e casaco. A cortina se fecha e as luzes se acendem. A minha aluna (!) entra, fala um monte de coisa, só entendo o começo e o final. Sejam bem-vindos ... o filme terá uma hora e 45 minutos. Ela sai, apagam-se as luzes e a cortina se abre. Começa o filme. Achei esse negócio esquisito, mas simpático. O filme é um passatempo. Nada a acrescentar. Roteiro previsível sobre os dilemas dos jovens, entre as exigências de uma escola de artes disciplinadora e as incompreensões familiares. Atores desconhecidos. Só a professora de música é veterana, pelo menos pra mim. É aquela personagem de voz esganiçada que faz “Will & Grace”! Saio do filme às 17:30hs. Um fim de tarde lindo. O sol se põe bem lentamente. Começa às 17 e só fica escurão mesmo às 19hs. As ruas estão vazias. O shopping fechou às 16hs, em pleno sábado. Depois desse horário o frio aumenta um tanto. Ainda vejo em casa dois filmes que comprei: “Leatherheads”, uma bobagem dirigida pelo George Clooney sobre o início da profissionalização do futebol americano nos anos 20, com ele e a Renée Zellweger e “The Duchess” com a Keira Knightley e o Ralph Fiennes. Esse acho que já passou no Brasil com o título de “A Duquesa”. Filmão. Muito interessante. A personagem que se torna duquesa, Georgiana Spencer foi talvez a primeira celebridade que colocou a seu serviço sua impressionante capacidade de atrair atenção. É uma antepassada da Lady Di!! Os atores estão ótimos e a reconstituição da época é muito cuidadosa. É um barato ver como a badalação em sociedade é coisa antiga e sempre serviu aos mesmos propósitos.

SABADÃO – Parte 1

Tive um sábado como há muito não tinha. Sem nenhum compromisso ou obrigação. Fui fazendo o que me deu na telha. Comecei dando uma limpa no apartamento. Precisava gastar um pouco de energia. Há duas semanas me credenciei pra usar a academia, mas em seguida rolei escada abaixo. Resultado? Molho.
Alguns problemas: tem diversos produtos de limpeza no apê, mas como não dá pra ler rótulo, tive que me guiar pelo cheiro. Nenhuma vassoura, rodo ou pano de chão!! Só aspirador. O apartamento tem o mesmo piso em todos os cômodos. Um tipo de paviflex pós-moderno. Alguns tapetes dão o colorido. Achei um pano pequeno como o nosso perfex que foi a salvação. Passei pano úmido nas superfícies, limpei o banheiro, aspirei os tapetes e depois o chão todo. O apê agradeceu e meu corpo também. Dei uma suada legal. Aproveitei pra fazer uns alongamentos pra lombar, que anda abandonada. Depois de uma bela ducha ligo a TV. Quem sabe os canais públicos brindam os suécos com alguma série americana nos sábados. Um trash bem saudável! Nada. Fui ler um dos livros que trouxe. “O vôo da vespa” do Ken Follet sobre um momento da segunda guerra mundial. O livro não é ruim, mas não empolga. Tem um ritmo um tanto lento. Comecei outro: “A arte de produzir efeito sem causa” do Lourenço Mutarelli, aquele do filme “O cheiro do ralo”. Muito legal. Tem um ritmo de cinema, parece um roteiro. Fiquei viajando nas cenas. Pronto, me deu uma baita vontade de ir ao cinema. Decidi: vou pro centro, almoço, ponho carga no celular, dou uma banda e depois pego uma tela. Tomara que tenha algo decente passando e, principalmente, que os filmes sejam legendados e não dublados. Pego o bumbão que pela primeira vez atrasa. Aos sábados passam de hora em hora e estava cheio. Viajei de pé. Numa loja de departamentos encontro uns DVDs. Beleza. Penso em comprar alguns pra ver em casa se não der cinema. Leio na contracapa: Sprak: (com bolinha sobre o a) Engelska. Text: Svenska, Danska, Finska, Norska. Fácil: falado em inglês com legenda em sueco, dinamarquês, finlandês e norueguês. Não havia muitas opções, mas comprei três!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PEDIDO

Minha última participacão oficial foi hoje. Marquei umas conversas informais no início da semana, uma delas com uma colega que me salvou hoje. Eis que chego aqui e no meu lugar na sala havia um estudante de cabelo meio ensebado e óculos dizendo que era estudante de PhD, estava sumido uns tempos, mas que a sala era dele, deve ter havido um mal entendido. Ele falou de forma educada. Expliquei que sou profa. visitante de um intercâmbio, bla, bla, bla. Ele ficou sentado me olhando. Como sou pobre, mas educada, saí da sala pensando no que fazer. Não ia ficar aborrecendo a Anita ou o Göran com isso pelo telefone. Ela não estava na universidade. Vi essa profa na sala dela e perguntei se poderia me ajudar. Falei só uma frase pedindo outra sala. Mal concluí a história, ela foi ao rapaz, falou sabe Deus o que em suéco e ele saiu rapidinho. “He was very impolite”. Foi só. Suficiente. Pobrema resolvido. Amanhã e domingo não vou blogar. Só na segunda. Não sei o que vai rolar. Pretendo ir a um museu que tem no centro novo e ver direito aquela igreja no centro antigo, Gammelstad. Talvez uma partida de hóquei no gelo. Tem uma arena bacana aqui e parece que o time é bom. Agora já vamos comecar a planejar a ida da Anita. Queria pedir um grande favor aos meus leitores ligados a Unisantos: que me judem a recepcioná-la. Ela é uma pessoa especial, muito gentil comigo e bastante afetiva. Um doce. Tenho uma vida corrida e não vou dar conta sozinha. Não é preciso dominar o inglês. Basta quebrar um galho. Ela tem uma pronúncia fácil e entende um pouco o português. Dentro da universidade, fazendo companhia nas refeicões, uma volta na praia, um sorvete no Gonzaga, um show que tenha, um passeio de final de semana. Coisas assim. Ela é simples. Gosta de comida caseira, mas também do Tertúlia (vou pedir um desconto quando chegar!). Já esteve em Santos umas quatro vezes, não é leiga na cidade. Saíremos daqui na quinta e chegaremos na sexta bem cedo, se Deus quiser! Passou rápido! Falta só uma semana! Vou falar bobagens ao vivo!! Aí embaixo são fotos que ela tirou la em Årrenjarka, com a máquina nova. Ilustram como eu trabalho por aqui!!!
O mesmo lugar na véspera da neve!


CORRECÃO (o teclado não tem c cedilha)

Cometi um erro geográfico grande, mas fui providencialmente corrigida pelo meu amigo Simonian. A Armênia não fica perto do leste da Itália. Antes de chegarmos lá teríamos que passar pela Croácia, Sérvia, Bulgária e Turquia. Fiz o que fazem os americanos conosco. Acham que qualquer coisa na América do Sul ou é Brasil ou Argentina. Pra mim, como nunca estive por aquelas bandas, o leste da Europa e o oeste da Ásia são distâncias curtas. Apesar de ofendida geograficamente por mim, deve ser uma região muito bonita. Tinha uma época que eu sonhava estar em Istambul. Sonhei umas quatro vezes. Depois parei. Sei lá o que isso significava! Bom a correcão está feita e o perdão pedido!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BANDEJÃO

Hoje fui almocar sozinha no bandejão da Universidade. Tem sempre salada e quatro opcões de prato quente, carne, peixe, vegetariano e massa. Vou no visual. Escolhi a almôndega gigante. Bicho, que bola de carne enorme!! Da umas quatro almôndegas das nossas, das caprichadas. Tem batata assada douradinha e um molho pra acompanhar. Sempre tem molho e eles põem uma concha cheia. É legal ficar olhando os pratos dos meninos. São dignos dos vickings. Uma montanha de comida. Teve cara que colocou duas bolotas de carne e duas conchas de molho. Uma monstruosidade. A encrenca é que a gente tá sempre com fome. Hoje acabei de tomar café às 8:30hs. Meio dia a barriga já roncava. Outra coisa que notei é que 90% deles são loiros de olhos azuis! Nossa, que novidade! Mas é, porque só hoje percebi que tem loiro prata, quase branco, loiro ouro, quase ruivo e todas as variacões possíveis no meio. A cor dos oio também vareia. Tem do azul-marinho ao azul clarinho, mais pro cinza ou mais pro verde. E tem também os verdes claros, escuros e uns que não sei dizer de que cor são. Talvez burro quando foge, ou no caso, alce quando corre. Os cabelos são iguais aos daí, cuidadosamente desarrumados. As meninas usam cachecóis e lencos de diversas formas. Os meninos usam lencos enormes mais frouxos no pescoco. E uns mandam aqueles gorros tipo papai noel, sobrando no alto com a ponta caída. Acho legal. Na saída cada um pega sua bandeja e vai pra entrada da cozinha. Joga o que sobrou no lixo certo, põe os talheres num suporte, o prato em outro, o copo e por fim a bandeja. E tem também uns malucos comendo do lado de fora. Devem estar pitando um cigarrinho. Olho pela janela e o vento continua. A chuva se foi ontem mesmo, está de novo um dia maravilhoso. Dei sorte até aqui. Hej dä! Lê-se ei dô. O som parece japonês, mas é suéco. Tchau.

DIFICULDADES PROSAICAS

A vida tem grandes desafios. Mas os pequenos às vezes são intransponíveis. Ontem tive uma experiência difícil com a combinação roupa e chuva, por exemplo. Pra sair, calça, blusinha, blusa, cachecol, casacão, luva, bota, bolsa, mala pro notebook e guarda-chuva. Saio de casa. Já nos primeiros metros a bota do pé direito começa a engolir a meia. Aos poucos, a meia vai se dirigindo ao calcanhar. Penso em parar pra arrumar. Como é que eu faço? Imagino a cena. Teria que me sentar e não há mão disponível. Posso tentar com uma só, mas teria que tirar a luva. Com a luva, perco bastante da motricidade. Continuo. A bota carrega a meia pra sola do pé. Tento abstrair, olhar as casas em volta. A alça do sutiã começa também a incomodar. É só dar uma ajeitadinha, como os homens às vezes ajeitam o ... não importa. Teria que tirar uma luva, abrir o casacão, puxar o cachecol de lado, por a mão por dentro da blusa e finalmente dar uma ajeitadinha!! Impossível!! O vento começa a virar o guarda-chuva do avesso. Descobri que guarda-chuva suéco também vira do avesso. Os reis do design ainda não conseguiram resolver essa encrenca. Pelejo pra desvirá-lo. Fico prestando atenção na b... do vento pra evitar que aconteça de novo. Nem sinto mais a meia toda encolhida na sola do pé. Só no direito. O esquerdo tá legal, me concentro nele. O vento vem cada hora de uma direção. Já estou atravessando a ponte, faltam só alguns metros! Cheguei! Passo pela primeira porta, pela segunda e sinto aquele bafo quentinho delicioso! Tiro luva, abro o casacão, desenrolo cachecol e finalmente ajeito o sutiã. Pra arrumar a meia, só subindo até a minha sala. Não há cadeira na entrada do prédio. Teria que sentar no chão e imagino a cena constrangedora. Tento uma cara de tranquilidade. O suor na testa denuncia o desconforto. E a raiva. Tenho vontade de subir correndo a escada. Suaria mais e correria o risco de cair de novo. É melhor não. O roxo do meu joelho já ta ficando verde. Estou quase boa. Exercito o autodomínio. Doze anos de divã tem que servir pra alguma coisa! Venço calmamente os degraus. Cá estou eu! A mente venceu! A culpa é da previsão do tempo que errou! Era pra nevar de tarde, mas choveu de manhã!!!

ESCLARECIMENTO

Pra quem não me conhece, obviamente sou a loira sentada na foto do site da Universidade Tecnológica de Lulea.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Euzinha no site da Lulea Tekniska Universitet

A Anita acabou de me mostar a reportagem sobre a entrevista de ontem. Está na página da universidade: www.ltu.se. Vai aparecer tudo em suéco. Se você é um ingorante na língua, clique de novo, do lado esquerdo da página, no 13º quadradinho, entitulado Fler pressmeddelanden.
Há, cá estou eu!! Posso se ver!!O título quer dizer "Profa. brasileira em intercâmbio acadêmico na Universidade Tecnológica de Lulea"!! Se clicar em Läs mer verá ainda mais informações!! O repórter disse que enquanto Lula visita a Suécia pra fazer tipo que vai comprar aviões, uma professora brasileira participa de um intercâmbio acadêmico e cultural entre os países!! Ah, ah, ah. O cara ainda fez pouco do Lula!!! Adorei!!! A moça que está ao meu lado não sei quem é! Posamos pra foto sair bonita e eu não ficar sozinha com cara de psicanalista atendendo jogador de futebol!! Funcionou. Quem vê pensa que a gente tava trabalhando!! To começando a se achar!! Se me pedirem autógrafo é o sinal que a seita pode ser inicada!

Mais trabalho

Hoje de manhã encontrei de novo os alunos para quem falei a primeira vez. Dessa vez detalhei mais o trabalho da universidade junto aos meninos das Oficinas Querô, tanto no acompanhamento psicossocial quanto na formação de um empreendimento econômico solidário pela incubadora. Passei os 15 minutos iniciais do filme Querô pra que entendessem como tudo começou e depois fiz a apresentação de nossa participação no projeto social das Oficinas. Finalizei com o filme do Gustavo, um aluno da Psicologia da Unisantos que fez um curtinha em homenagem aos meninos do Querô. Foi jóia. Eles se colocaram bem mais, perguntaram sobre a participação de alunos e voluntários e falamos sobre nossas diferenças. Aqui não há projetos sociais com parcerias entre organizações públicas, privadas e universidades por um só motivo: não há problemas sociais!! Suficiente não? Um aluno disse que estão começando agora algum trabalho com alguns imigrantes. No final pediram pra ver o resto do filme. Agendamos para a próxima sexta, às 13hs. Vou estar com eles pra ver se rola mais alguma conversa. Depois fui ao primeiro almoço com calma dessa semana. Esse negócio de falar às 13hs é uma desgraça!! Hoje tomei de novo suco de lingonberry e descobri que essa frutinha deve ser prima da groselha!! Tem a mesma cor e o sabor é bem parecido. Tô ficando viciada. Acho que esse troço tá me deixando doidona, por isso as apresentações têm dado certo!! Amanhã falo pela última vez por aqui. Ainda vou preparar. Na próxima semana tenho alguns encontros mais informais. Quem sabe a rainha Silvia vem me ver!! Quanto a aurora, descobri que não basta estar claro, é preciso estar muuuuuito frio pra que aconteça!!! O mulher difícil!

Alguns dos colegas do seminário de pesquisa.

Apresentação de pesquisa

O trabalho vai seguindo. Pra quem pensa que vim aqui só procurar a aurora, o fato é que tenho ralado um tanto. Pra cada apresentação monto um power point. Estou ficando fera no assunto. Praticamente uma máquina!! Tento misturar texto e imagem pra não torturar demais o público. Sou patroa de um jornalista de imagem, não posso fazer feio!! Ontem às 13hs apresentei a pesquisa desenvolvida nos cortiços pelo grupo do NEPEC. Eram professores de diferentes departamentos e estudantes de PhD. Aforante um sujeito que só faltou babar, acho que os demais curtiram. Fizeram muitas perguntas, principalmente no que se refere a metodologia de aproximação e investigação dessa população de difícil acesso. Aqui eles simplemente agendam as entrevistas e ficam meio p. quando a pessoa falta. Expliquei que os pesquisadores levaram muito tempo tentando se aproximar e ganhar a confiança das pessoas. Aliás, confiança não se ganha, conquista-se. De qualquer modo acho que se interessaram e alguns vieram falar comigo após a apresentação. Marcamos de conversar na próxima semana quando estivermos mais folgados. Aqui há duas formas de conseguir dinheiro pra pesquisa, através de fundos públicos, disputadíssimos, e de indústrias que patrocinam projetos dentro de seus interesses. O professor que quiser pesquisar tem que buscar seu próprio financiamento!! Não tem moleza. Há também grandes projetos de cooperação internacional dentro da União Européia. É uma outra opção. Como diz meu pai, não tem almoço grátis. O único jeito é trabalhar!! Ou ganhar um cartão corporativo. Esse é meu sonho de consumo. Não queria ser rica, ter que ficar pensando em como sonegar imposto, coisa e tal. Queria um cartão corporativo platinum, de preferência do governo federal. É só passar no caixa, digitar a senha e fazer aquela cara de quem é amiga da Dilma!! Acho que agora o negócio talvez seja ser amiga da Marina. Do Gabeira não seria nenhum sacrifíco!! Bom, é melhor botar o pé no chão. Não sou nem amiga da síndica do meu prédio!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Comentários

Não consigo configurar lugar para os leitores comentarem o blog. Pura incompetência minha! Mas gostaria de ouvir as opiniões, críticas ou sugestões dos meus seguidores. Sim, tenho 19 seguidores registrados hoje!!Quem sabe podemos formar uma seita e conquistar o mundo!! De Arrenijarka para Vila Mathias!! Hoje a Lapônia, amanhã o Gonzaga!! Parece bacana!! Bom, de qualquer modo deixo aqui meu e.mail para que vocês possam manifestar suas vontades. Tentarei copiar algumas mensagens aqui. Só os que eu achar legal, claro!! Seita que se preze tem que ter uma censura decente. O blog é meu e faço dele o que quiser!!! Aqui vai: gisela@iron.com.br. Não esqueça de por BLOG no assunto se não será sumariamente deletado. Sem dó nem piedade!!

Entrevista, frio e aurora boreal

Hoje dei uma pequena entrevista para o jornalista da universidade. Ele veio com um i.phone pra gravar a voz e uma Nikon bacana para as fotos. Devo sair no jornal eletrônico, pois não há mídia impressa na universidade. Por aqui só tenho visto a TV pública. Os quatro canais que assisto (digamos que vejo as imagens, há pouca coisa da TV americana em inglês) são todos estatais. Os apresentadores de noticiário estão longe do Bonner e da Fátima e os que apresentam a previsão meteorológica devem ser cientistas ou físicos... Mas acho que acertam mais. Aprendi que tisdag é terça-feira, e que onsdag, quarta, vai nevar na parte da tarde. Torsdag o tempo deve voltar a ficar limpo. Vou conferir pra ver se acertam. Hoje cedo estava -4°C. A Anita me perguntou na universidade se senti o friozinho. Respondi baixinho no ouvido dela: “It´s f........ cold!!” Ela morreu de rir!! Eu não. Mas são poucos períodos de geladeira. Dentro dos ambientes está sempre quentinho! A impressão é essa, que abriram a porta do freezer e não há cristão que consiga fechar!! O que quero mesmo é conseguir ver a tal da aurora boreal, ou as luzes no norte, como chamam por aqui. É um fenômeno eletromagnético que deixa o céu colorido a noite, com manchas espalhadas em tons de verde. To louca pra ver. Só acontece em dias claros e quanto mais ao norte, mais possível. Ontem saí da universidade 18:30hs e estava anoitecendo. Não vi Aurora nenhuma, nem a do céu nem a da música (opa, a da música é a Amélia!!), mas tinha uma lua cheia gigante despontando. Fiquei peruando na janela do apê pra ver se aurora dava as caras, mas nada. Quem sabe essa noite...

Aqui estão os alunos de engenharia. No fundo a direita está o professor Mats Danielsson.

Segunda apresentação

Hoje falei pela segunda vez. Minhas vítimas foram alunos do terceiro ano do curso de Engenharia de Incêndios (?) sobre trabalho em grupo em situação de stress. O professor Mats Danielsson meu ofereceu um texto na última quinta-feira para que eu falasse a partir dele. A experiência foi legal. A base teórica é o modelo americano de perseguir alto desempenho. Tentei apontar as questões psicológicas envolvidas quando as pessoas estão em grupo, e as dificuldades de se estabelecer um modelo que funcione em qualquer situação, que é o que a autora americana procura. Eram 15 jovens quietos, poucos perguntadores, embora eu os tenha provocado bastante. Aluno é tudo igual, só muda o endereço. No final fiz uma pequena apresentação sobre o Brasil e Santos e, aos poucos, foram se soltando mais. Deixei meu e.mail e pedi que escrevessem um pouco sobre o que acharam. Infelizmente não tive essa idéia na primeira apresentação, mas como vou falar pra eles de novo, penso que será possível ouvi-los mais. Consegui tirar uma foto dos alunos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Esta foi a vista da primeira neve!!


A primeira neve

Enquanto estávamos tomando café no chalé vi os primeiros flocos de neve caírem. Aos poucos foi aumentando e tornando a paisagem completamente diferente da véspera. Arrumamos nossas coisas, deixamos tudo limpo (se não teríamos que pagar uma grana pela limpeza) e fomos até o fim da estrada, 15km ao norte. A Anita e o Göran queriam conhecer o lugar. A partir dali só se pode seguir a pé. Há uma área que serve de estacionamento para os montanhistas de verão. Fomos bem devagar por causa da neve na pista, mas logo os carros fizeram uma trilha limpa pela qual seguimos. Almoçamos e partimos para Lulea. A neve já tinha parado de cair e a estrada foi ficando cada vez mais limpa. Bem perto daqui já não havia sinal de neve, mas de chuva. Com o céu claro faz mais frio. A neve vem com nuvens carregadas e temperatura em torno ou abaixo de zero. Hoje, apesar da neve, estava menos frio que ontem. Acho que essa semana será de tempo ruim. Tenho também bastante trabalho. Terei apresentações durante toda a semana. Vou contando aos poucos.

Jantando Rena

Papai Noel que me perdoe, mas a carne de rena é maravilhosa! Dessa vez foi feita com molho de blueberry, geléia de lingonberry e batatas para acompanhar. De sobremesa sorvete de baunilha com cloudberry. Vimos algumas delas no caminho da trilha. Crescem em pequenos galhos no chão e são bem pequenininhas. Expliquei que aqui também temos frutas berry: abacaterry, bananerry e melancierry. Com exceção da melancierry, as demais crescem em árvores grandes pra não serem roubadas pelos vizinhos com muita facilidade. Além de toda a perfeição servem ainda um café expresso decente. Depois da janta ficamos conversando no bar com os irmãos que são filhos da dona do local. Esse grande prédio foi inaugurado há duas semanas. Acho que foi pra nós, porque não havia mais ninguém. Perguntei por que inauguraram no início da baixa estação, e não da alta. Porque obviamente só se pode construir no verão!! Além das férias, é sempre o período que os suécos usam pra reformas e obras, por motivos óbvios. No chalé vimos a previsão do tempo para o domingo: neve. O Göran fica preocupado. Ele alugou um Volvo pra viagem que está com pneus de verão. Era uma previsão nacional, não muito confiável segundo a Anita. Começamos a assistir Match Point na Tv, mas dormimos.
O lustre do restaurante feito de chifres de renas!!
Dentro do chalé.
Anita fazendo fogueira na praia de pedras!!

Arrenjarka

É uma minúscula vila ao pé das montanhas que combina natureza e tecnologia com perfeição. O lugar parece um cartão postal ou aqueles painéis que algumas pessoas de mal gosto colam em paredes inteiras. O fato é que é indescritível. Os chalés ficam na beira de um lago, cheio de pinheiros em volta e formando como que pequenas praias de pedra. A água é um cristal de limpa. Pode-se beber diretamente dela. Só não o fiz porque estava congelada em alguns trechos o que significa que meus dedos virariam estalactites e talvez meus dentes ficassem moles, como os do meu primo Celo!! Os chalés têm tecnologia moderna. Rede wireless para Internet (e eu que achei que nem internet teria!!), aquecimento vindo do chão e todo equipamento de cozinha. Ficamos num de 2 quartos. É feito em pinho por dentro, bem com cara de cabana, mas com conforto de hotel 5 estrelas!! Há um prédio principal com uma lojinha de artesanato e conveniência, bar, restaurante e uma grande sala com lareira e sofás em couro preto com almofadas rosa e lustres feitos dos galhos de rena!! Após o almoço fomos dar uma caminhada pelas trilhas do lugar. Tudo desculpa pra comermos um monte sem culpa! Chegamos numa das praias onde há lugar pra um churrasco com bancos. Acendemos a fogueira e comemos salsichão assado com cerveja. Tava frio à beça. Coloquei tanta roupa que me senti um barril. A Anita arrumou uma bota forrada que salvou minhas falanges dos pés. Estão sendo testadas na universidade para as pessoas que caem na neve. No solado há uma gancho que pode ser virado e faz atrito com o terreno para evitar tombos. Não entendi porque ela arrumou justo essa pra mim!! No caminho vimos vários cachorros e alguns cavalos (aqueles baixinhos e bem troncudos) que são usados pra puxar trenós. Na volta, depois de um banho quentão (apesar do frio estávamos suados por baixo da roupa, que não deixa espaço para transpiração), ficamos batendo papo e fomos pro sacrifício!


Indo para Lapônia

No sábado cedo partimos para Lapônia, onde dizem que mora o Papai Noel. Não o vi por lá. Acho que passou em casa no fim de setembro quando me presenteou com essa viagem. Foram aproximadamente 170 km até Jokkmokk (Iôcomoc), onde fica o Círculo Polar Ártico e mais 110km até Arrenjarka (Oreniarca). O tempo estava maravilhoso, dia claro e céu azul. O curioso é que durante todo o caminho baixava uma neblina de repente, durante poucos minutos, e em seguida o sol voltava. Como saímos cedo, o sol não tinha tido tempo pra espantar o fog. Primeiro paramos num pequeno lugar (como se aqui existisse lugar grande!!) onde por acaso acharam artefatos pré-históricos, que estão datados de 6.000 anos. Organizaram o material num museu que tenta reproduzir a vida naquela época a partir do que foi encontrado. Antes de chegarmos no círculo polar paramos no museu de Jokkmokk sobre o povo Sami. Também estava fechado. Esses nomes são de origem Sami e acho que eles adoram os Jotas e o Kas. Existem cerca de 75.000 pessoas dessa origem atualmente. A maioria na Noruega (45.000), depois na Suécia (20.000) e alguns poucos na Finlândia e na Russia. Habitam a região montanhosa que está na fronteira desses países (se andou faltando nas aulas de geografia deve estar boiando, mas sempre é tempo de dar uma olhada!!) Vivem ainda hoje dos peixes, das renas e das frutas berry. O Círculo Polar Ártico é a região mais ao sul do planeta a partir de onde se pode ver o sol da meia noite. Em dezembro não há luz do sol assim como julho não anoitece. O sol fica no horizonte, mas não se esconde. Quanto mais ao norte mais tempo dura o fenômeno. Dizem que as pessoas têm dificuldade pra dormir e que o trigo plantado cresce duas vezes mais rápido, servindo de sustento para os fazendeiros suportarem o inverno. Durante a viagem, o casal me mostra que a vegetação de pinheiros vai diminuindo de tamanho conforme chegamos mais perto das montanhas. O inverno por lá é mais rigoroso e nem os pinheiros suportam. Por volta de meio dia chegamos em Arrenjarka.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ERRO

Há 25 anos tem aga, sua anta!! Não aprendi o suéco e estou esquecendo o português!! Foi mal!!

A CASA DE CULTURA

Foi aqui que jantamos ontem. Essa casa existe há apenas 2 anos. Antes o lugar era um grande estacionamento onde o Bob Dylan fez um show a 25 anos atrás. Eu não era nem nascida!! Chega por hoje!! Vou acabar de ler um texto sobre trabalho em grupo em situação de emergência pra discutir com um grupo de alunos de engenharia na segunda. Quero deixar o trabalho adiantado pra curtir a Lapônia com calma. Bom, pressa é o que não vou poder ter no meio do nada e com anfitriões tão na boa quanto os que tenho!! See you!

A CATEDRAL NEOGÓTICA


POR DENTRO DO APÊ


Agora que aprendi a postar imagem vocês vão ter que me aguentar!! To "se achando"!!!

O APARTAMENTO QUE ESTOU

Essa é a entrada do apê que estou. Nº 81.

JANTAR MULTICULTURAL

Não sabia que teríamos companhia pro jantar. Lá estavam uma aluna polonesa do departamento do Göran, Elzbieta, que acabara de defender seu PhD; um casal italiano, Máximo e Paula, (ele fez parte da banca) de Trieste, os anfitriões e eu. Apesar do inglês não ser a língua nativa de nenhum de nós, foi a que falamos. O casal morou 3 anos na Nova Zalândia. Ele é especialista em estruturas em madeira para construcão civil. Pelo que entendi, agora há uma onda de retorno a madeira por ser uma fonte renovável, diferente do aco por exemplo. Eles não tem filhos. Aguardam na fila uma crianca da Armênia para adotar. A Armênia fica bem perto de Trieste, que é no nordeste da Itália, e há uma grande quantidade de armenios por lá, por isso decidiram por esta nacionalidade. Preocupam-se com os lacos culturais da crianca que virá. A polonesa mora em Luleå, tem um menino de 3 anos e quer continuar por aqui. Recebeu um convite para trabalhar em Estocolmo, mas está hesitando. Acha que a vida aqui é mais saudável. A comida foi de primeira. Experimentei carne de cordeiro. Deliciosa. Foi servida com um molho levemente adocicado e batata assada com casca. De sobremesa creme broullé. De novo mandaram cerveja e vinho tinto. Eu fiquei na cerveja. A conversa foi ótima. Histórias de diferentes lugares do mundo, uma diversidade de experëncias enorme. Falei com a Paula sobre a ligacão de Santos com Trieste por conta do nosso programa de saúde mental ter se inspirado na experiência de Franco Basaglia por lá. Ela conhece o trabalho. A polonesa fez universidade em Karlsruhe, a cidade na Alemanha que meu irmão morou por 6 meses. Ô mundo pequeno!! Na volta o casal me informa que reservou um hotel na Laponia, para onde iremos sábado bem cedo. O lugar é a última parada da estrada, nas montanhas onde o povo Sami vive. É a populacão original do lugar, como nossos índios. Pelas fotos parecem esquimós. É uma região intocada ainda, também declarada patrimônio da humanidade pela UNESCO. Fica um tanto acima do círculo polar Ártico, além de Jokkmokk. A Anita perguntou que número calco pra providenciar botas e roupas apropriadas. Vou precisar!! Não sei se há internet por lá ou se o celular vai funcionar. Quando chegar conto novas aventuras escandinavas!!

CENTRO DE LULEÅ

Hoje de manhã peguei o ônibus 5 e fui para o centro. No ponto há todas as informações sobre os horários e itinerários dos ônibus. Cada um tem um nome, como se fosse uma estação de metrô. O 5 passa X:20 e X:50hs, de segunda a sexta. Cheguei às 11:00hs e esperei exatos 20 minutos. Paguei 20,00 coroas ao motorista e lá fui. A cada parada um sistema de amortecimento desce o veículo quase ao nível da rua pra facilitar o acesso. Desci no centro, na estação shopping, fácil de guardar o nome. Aos poucos vou descobrindo a importância da cidade. Aqui fica o primeiro shopping da Europa, criado nos anos 50. Recentemente foi todo reformado pra parecer um navio, por dentro e por fora. É bem pequeno, comparado com os que temos atualmente, é meio labiríntico, mas muito charmoso. Almocei num café dentro de uma galeria: uma lasanha com salada e um suco de laranja por 107,00 giselas. Ôpa, que caro!! Galeria é galeria em qualquer lugar do mundo, todo espaço mais transado é também mais caro. O pior é que a comida foi muito ruinzinha. Lasanha picante, sem sal e o suco ácido à beça. Um café saiu por 20,00 coroas, cerca de 5,00 reais, caro para nossos padrões, mas metade do preço do resto da Europa. Certamente quando a Suécia aderir ao euro ficará mais cara. Os colegas explicam que os preços em Estocolmo são mais altos. Não aderiram ao euro porque houve um referendo e a população optou por manter a coroa. Dei uma peruada, comprei uma encomenda, pilhas pra máquina e alguns souvenirs. Só achei um quiosque com coisas típicas. Comprei uma renazinha de pelúcia com a camiseta da Suécia que achei fofa pras minhas meninas e um imã de geladeira bem legal, com termômetro ao lado da cabeça de uma rena com galho e tudo. Tomara que não quebre na mala. Conheci a catedral da cidade. A igreja em estilo neogótico foi construída em 1893, após um grande incêndio que houve na cidade em 1887 e destruiu inteiramente a igreja antiga. Estava um dia lindo!! Céu muito azul. A temperatura é baixa, mas como o ar é muito seco, a sensação não é tão ruim. Estava de camiseta de manga comprida, calça jeans e um casacão forrado, do tipo daqueles que o povo usa pra esquiar que a Anita emprestou. Não usei nem luva. Quando estou na rua, coloco a mão no bolso e é só. Santa Anita.
Chego em casa e assisto That´s 70 Show em inglês e em seguida Hannah Montana dublado em sueco. Já estou começando a sentir falta de falar português. Ontem a noite matei saudade da comida: fiz um arroz com ovo básico delicioso. Sobrou um monte de arroz. Qualquer noite repito o menu. Vou me arrumar porque os anfitriões vão passar aqui às 6:45hs para irmos jantar na Casa de Cultura. Amanhã tem mais. Vou ver se falo com mais gente pelo Messenger. O fuso é cruel. Quando os brazucas estão mais disponíveis estou nanando!! Até!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PRIMEIRA APRESENTACÃO

Finalmente chegou a hora. Cheguei na universidade por volta das 9:30hs pra conferir tudo. Só falaria às 13:00hs. O professor Töra (ele é tão feio quanto o nome) me procura preocupado com a instalacão do computador na sala de aula. Falarei para os alunos dele. Todas elas têm multimidia, dois tipos de lousa e tela. É só apertar o botão certo e eles sobem e descem. Bacana, mas nem tanto. O professor não sabe qual fio colocar aonde e fica um pouco tenso. Ele vai dar aula às 10:15hs e quer deixar tudo certo. Pede que eu fale com a Anita, mas ela não é técnica e nem está na universidade ainda!! Ontem, testamos meu computador (meu não, do meu marido que sugeriu que eu troxesse mesmo tendo um aqui – foi uma ótima idéia, porque tenho adiantado muita coisa no apartamento e trago pra cá no dispositivo de caneta, também conhecido como pen drive) e funcionou perfeitamente!! Ele sugere que o problema pode ser no meu computador (sou do terceiro mundo mas não sou burra!). Se funcionou em outra classe ontem porque não funcionaria hoje? A universidade é tecnológica, mas as pessoas não. Vi que ele bóia no assunto bem mais que eu!! Finalmente a Anita chega com o técnico e acerta tudo durante a aula dele. Tinha que ser aquela hora porque o rapaz ia almocar e não poderia ajudar depois. Parece a gente na Unisantos atrás do povo da multimidia, implorando ajuda!!) Tacks. Ainda bem que deu certo! Almocamos em outra cantina. Mesmo rango mais barato ainda, 41,00 giselas. Mais 5 dias e acabo comendo de graca. Semana que vem vão me pagar pra comer!! Aos poucos os alunos vão chegando e a minha boca vai secando. São cerca de 40. Sobrevivi!! Foi bacana. Acho que gostaram. Fizeram muitas perguntas e acho que é um bom sinal. Anita ficou feliz. Outro bom sinal. Perdi a virgindade de palestras em inglês para nórdicos. Na quarta que vem falo de novo pra eles. Deverá ser mais fácil. No final converso com alguns. Não consigo prestar muita atencão no que uma menina fala. Ela tem olho cor de bola de gude azul-marinho. Que demais!! Acho que é a Lorelai do Mar Báltico! Em seguida um merecido café. Na máquina da sala dos professores tem um café “espresso svart”. Expresso preto? Tem expresso de outra cor? Nota 6,5. Da pra matar a vontade. Agora escrevo mais relaxada. Amanhã vou tentar pegar um bumba até o centro da cidade. É o número 4 ou 5. Depois eu conto. Se não postar mais é porque me perdi!!

EXPECTATIVA

Na terca vivi a expectativa da primeira apresentacão (estou no computador na universidade e aqui não tem ce cedilha, mas tem å – agora vai o nome certo da cidade, Luleå!!) Passei o dia organizando o material. Na hora do almoco veio o primeiro mico. Tomei um tombo da escada de dar dó!! Digno de uma video cassetada. A Anita desceu rápido, é uma escadinha íngrime que corta caminho e eu achei que podia acompanhá-la. Desci os últimos degraus literalmente rolando!! Eu tava me achando, porque vim sozinha a pé do apartamento sem me perder. Esfolei a mão direita e bati o joelho esquerdo bem legal. Ficou roxo e inchado, mas fiz bastante compressa com gelo e hoje já está bem melhor. A Anita coitada, quase morreu de susto, porque o tombo fez um barulhão!! Um constrangimento, sem dúvida!! O almoco na cantina da universidade foi bom. As aulas acabam às 11:45hs e recomecam às 13hs. Fomos no horário da muvuca. Muitos alunos que têm bolsa de estudos trazem a comida de casa pra não gastar. Fica cheio de suéco comendo de quentinha. Por 51,00 giselas come-se salada e um prato quente a escolher, não importa a quantidade. No final da tarde a Anita mostrou a programacao feita pra mim: aula na quarta, seminário na próxima segunda e mais aulas quarta e quinta próximas. Fiquei até às 11 da noite montando a primeira. Usei três videos do you tube. Dois sobre o Brasil, um mostrando o Brasil turístico e exótico e outro nossa enorme diversidade social. O terceiro apresenta Santos. Coloquei algumas informacoes sobre o país, a cidade e a Unisantos. Por fim, dei as linhas gerais da formacao de psicólogo e do tripé ensino, pesquisa e extensão na universidade. Acho que ficou razoável.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

FINALMENTE A UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA DE LULEA

Logo no primeiro dia fui apresentada para uns 20 professores. Ou mais. Participei de uma reunião na qual cada um falou sobre suas atividades durante a semana. É uma estratégia pra manter o contato entre os professores de um mesmo departamento. Foi feita em inglês por minha causa. O sueco é difícil de entender. Tem algumas palavras parecidas com o alemão e o inglês. Tak é obrigado. Os dias da semana e alguns números também, de resto, é como estar em Marte ou Júpiter. Bóio. Mas o inglês é falado por todos. Em restaurantes, lojas, todo canto.
Andamos um monte pelo campus. São prédios baixos, interligados, todos de aço. Zanzamos tanto que perdi a noção de onde estava. Mas a manhã foi muito produtiva. Peguei um cartão para a biblioteca, outro para a academia, recebi senha para usar o computador de uma sala, assim como a chave da porta. Ao lado de cada porta há a foto e nome do dono com um espaço para um recado. Quem está viajando avisa quando retorna, etc.
Recebi o cheque com o valor da bolsa, fomos ao centro receber o dinheiro e já paguei o aluguel do apartamento onde estou. Passamos por uma loja da Telia, uma operadora de celular. Acabei comprando um aparelho já que o meu está bloqueado para outros chips. Chamar daqui é muitíssimo mais barato que do Brasil. Carreguei com 100 giselas, digo coroas e já liguei pra família!!
Almoçamos na Casa de Cultura, um lugar muito bacana com comida por volta de R$20,00, incluindo salada, prato principal, bebida e café (ou algo parecido). Ótimo preço para os padrões europeus! Voltamos e instalei-me na sala. Finalmente pude ver meus e.mails, mas ainda não com a calma que gostaria. Soube que vou dar minha primeira aula na quarta às 13hs, para alunos de primeiro ano. Amanhã tenho que deixar tudo pronto.
Göran nos procura para contar seu encontro com o assessor do Ministro da Educação do Iraque. Eles estão preparando um acordo de cooperação entre os dois governos. Amanhã o ministro assina. Fomos à sala dele e ele nos mostra o livro que ganhou. O iraquiano disse que levou 25 anos pra escrever. Abrimos e está todo em árabe. Göran diz que vai levar 250 anos pra conseguir ler!! Eu e a Anita rimos muito. Ele é engraçado. Começou a nos mostrar o tanto de presentes que ganhou através do trabalho junto a universidades de diferentes países. Há um Buda enorme em cima do armário, um cinzeiro com escultura de pirâmides, uma sacola cheia de gravatas. Algumas parecem com as do Didi. Aproveita pra me dar um boné da universidade. O símbolo é a letra L maiúscula. Digo que minhas filhas vão gostar porque o nome delas começa com ele. Ele então me dá mais dois. Ainda tira do armário dois pen drives e nos presenteia.
Fomos a sala de um professor da engenharia especialista em estruturas em aço. Ele é o responsável por um intercâmbio que recebeu 15 alunos brasileiros de graduação. Pelo que entendi são da USP. Ganho mais três camisetas pólo. São bem bonitas. Nossa, quantos mimos num só dia!! Saio carregada do campus.
Passamos por um supermercado e abasteço um pouco a geladeira. Se a Anita não estivesse comigo is ser difícil. Uma coisa foi fácil: a becel é igualzinha a nossa. Há pães de tudo quanto é tipo. Comprei um que gostei bastante, por indicação dela. É integral, mas levemente doce. Incluí coisas pro café da manhã, lanche e é claro, coador pra tentar fazer um café decente.
Voltamos a pé para o apartamento. São só 10 minutos. Tomo um banho e faço um lanche assistindo Idol na TV. Os reality shows são iguaizinhos. Não precisei nem entender sueco!! Olho no termômetro do lado de fora: 4°C. O relógio marca 23:02hs. Já deu por hoje.
A CIDADE ANTIGA
No domingo a profa. Anita chegou de Gotemburgo e veio me encontrar por volta das 14:30hs. Pela manhã aproveitei pra ver os filmes que trouxe. Levou-me inicialmente pra conhecer um parque perto do rio com uma pequena pista de esqui onde seus filhos se iniciaram no esporte. O lugar é muito charmoso, mas com o vento cortante não me animei a tirar fotos. Andamos pelas antigas instalações das usinas de aço que cercam a cidade. Lulea vive essencialmente dessa indústria. Mostrou-me também um hospital novo considerado um dos melhores da Europa. Entramos rapidamente. É um prédio novo inteiramente diferente de qualquer hospital que eu tenha visto. Por dentro é uma pequena cidade. Os espaços são amplos, com lojas, centro de informação, correio, etc. Não parece de fato um hospital. Pretendo voltar pra conhecê-lo melhor. Anita me explicou que há dificuldade em encontrar bons médicos pra trabalhar dada a distância de Estocolmo. Lulea fica 1.000km ao norte de Estocolmo. Todos viajam de avião, mas se a reserva não for feita com relativa antecedência não se encontra lugar com preços razoáveis.
Passamos para pegar o marido da Anita e fomos novamente ao Margareta. Que sacrifício!! Outra esbórnia alimentar. Dessa vez comemos carne de rena. Deliciosa. Muito macia e com tempero saboroso. Tomei duas cervejas long neck, mas o casal tomou cerveja na entrada e derrubou uma garrafa de vinho apreciando a carne. Subimos para o café junto aos empalhados. Três horas de refeição, das 16 às 19hs. É o movimento de desaceleração. Os mais velhos são sempre mais sábios!! Foi maravilhoso. Bom papo, boa comida, bom tudo.
Esqueci de falar que restaurante fica numa região chamada Gammelstad, que significa cidade antiga. Há cerca de mil anos atrás Lulea era um arquipélago e o nível do mar era 10 metros mais alto. No lugar onde hoje há uma igreja havia uma pequena ilha. Durante o século XIV tornou-se uma importante área de comércio. No século XV a construção da igreja foi iniciada. Em 1641 a cidade de Lulea foi fundada. Alguns anos mais tarde essa região começou a secar e tornou-se impossível a manutenção da navegação. Aos poucos os negociantes foram se mudando para as áreas mais próximas da costa, iniciando a parte nova da cidade. Esta antiga região, no entanto, está inteiramente preservada. Tem inúmeras pequenas casas em volta da Igreja formando uma vila que parece ter parado no tempo. Um cenário de filme. Poderia ter sido usado para As bruxas de Salém. Nos anos 90 Gammelstad foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO. Um lugar que também preciso voltar.
Lulea continua secando a um ritmo de um centímetro por ano. Em um século terá subido um metro. É um bocado!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MARGARETAS VARHÄUS

Fui recebida pelo prof. Göran, marido da profa. Anita, responsável pelo intercâmbio. Ela tinha me avisado que no sábado iria a Gotemburgo visitar o filho. O professor fez uma excelente recepção. Levou-me ao apartamento onde me instalaria e pelo caminho foi mostrando a cidade. Lulea tem apenas 70 mil habitantes, espalhados em uma grande área. Não há prédios com mais de sete andares. Mesmo estes são raros. De um lado há o rio Lule e do outro o mar Báltico. A vegetação é toda de pinheiros e pequenas árvores que nessa estação estão em tons de verde, amarelo, laranja e vermelho.
O apartamento tem um grande cômodo que funciona como sala e quarto, banheiro e uma confortável cozinha americana. Bons armários nos corredores e material de cozinha, toalhas e lençóis. A professora Vanessa da África do Sul havia saído na véspera e me deixou um simpático bilhete de boas vindas, como também um providencial pequeno suprimento de comida para o café da manhã de domingo.
Passamos na Universidade para telefonar para casa e Göran (fala-se Ioran, equivalente a Jorge em português e Iuri em russo) me mostrou o laboratório de testes em materiais do departamento de Engenharia. Estava um dia de sol, 16 °C apesar do vento frio. Coisa rara por aqui. Göran me diz que provavelmente verei neve antes de ir.
Às 17:30hs passou para me pegar e irmos jantar com outro professor visitante do Canadá que estava indo embora, a esposa e um casal de indianos que mora em Lulea há mais de 20 anos. O marido é também professor da Universidade. Fomos ao lugar do título. Margareta é o nome da senhora que comprou uma casa antiga e reformou para adaptá-la a um restaurante, preservando suas características e incluindo obras de arte e animais empalhados. Parece estranho falando, mas o lugar é lindo. No térreo estão as mesas com fina decoração de época. No andar de cima os animais empalhados e grandes mesas onde se toma chá ou café ao término das refeições. Os animais são pra nós ilustres desconhecidos. Variações de lobos, linces, ursos e pavões típicos da flora da região, como diria Ana Maria Braga!!
O que pedir no jantar (6 da tarde de sábado!!)? Margareta fez suas recomendações e todos comemos os mesmos pratos. De entrada uma seleção de pequenas carnes defumadas e caviar de um peixe que nunca ouvi falar, bem pequeno, só encontrado por aqui. Disseram que vem gente de toda a Suécia experimentar essa iguaria. Como prato principal uma ave, acho que algo como uma codorna com geléia de algumacoisaberry. Há muitas frutas berry como nos EUA. Frutas de clima frio. De sobremesa outra berry com sorvete e chantily. Um vinho branco para acompanhar. Bebi pouco como sempre, o suficiente para dar uma cochilada na mesa. Em um momento perdi o fio da meada da conversa. Mesmo porque a indiana tinha um sotaque terrível e algum problema de dicção que tornava a conversa um certo mistério pra mim. A esposa do canadense era de origem escocesa, falava calmamente pronunciando todas as letras. O fato é que não fiz feio. Utilizei a estratégia recomendada por um primo, falar três hã, hã, hã seguidos de um poooxa!! Infalível!!
Jantar supimpa. Saímos por volta das 21hs. Pouco movimento na cidade. Eu cansada demais dormi como um anjo.
CRUZANDO TRÊS MARES
A segunda postagem demorou, mas chegou! Escrevo domingo à noite para postar amanhã de manhã quando chegar na Universidade de Lulea. A letra a do nome deve ter um círculo em cima que não é possível digitar em português. Deve-se ler Lúleo. O apartamento que estou fica bem perto do campus, mas não tem telefone nem internet.
A viagem foi bem tranquila. O vôo da Lufthansa saiu às 13:00hs de Guarulhos e chegou às 0:45hs em Munique. Sentei ao lado de uma alemã linda, parecia modelo. Linda, cansada e esfomeada. Só dormiu e comeu durante as quase 12 horas de vôo. Devorava a comida compactada mais depressa do que se pode pronunciar Heidi Klum!! Virava pro lado e dormia como uma criança. Eu dormi alguns trechos, sempre no meio dos três filmes que tentei ver, todos brutalmente valiosos para a cinematografia internacional: Hannah Montana, Uma Noite no Museu 2 e Velozes e Furiosos 4.
Como há cinco horas de fuso a mais para a Europa, desembarquei às 5:45hs da madrugada. No check in em São Paulo já recebi o cartão de embarque dos três trechos, o que facilitou a baldeação. Conferi o número do portão de embarque e fui aguardar o próximo vôo para Estocolmo que sairia às 9:15hs. Por volta das 6:30hs o sol despontou através do vidro da sala de embarque como nos batidos cartões postais de banca. Os cartões parecem bem bregas, mas ao vivo o sol nascente não deixa de encantar. Tomei um café da manhã caro e ruim, como sempre são os serviços de aeroporto e tentei cochilar.
Por volta de 11:20hs cheguei em Estocolmo onde teria que pegar minha mala de 31Kg (eram muitos livros!!!) e despachá-la para Lulea. Por ser vôo doméstico, faria a inspeção de bagagem em Estocolmo. Tinha uma hora e vinte minutos para fazer isso. Chegando no balcão a funcionária me informa que teria que pagar por excesso de peso , já que só permitiam 20kg por passageiro em vôos internos. Expliquei que vinha de São Paulo e que poderia viajar com duas malas de mais de 20 qullos, por isso não tinha me preocupado com o peso. Fiquei parada pensando como faria. Tinha acabado de trocar alguns dólares por coroa sueca, mas achei que talvez fosse melhor gastar em dólar ou no cartão de crédito. Eram 600,00 coroas. 600 giselas. Cerca de R$150,00. Ela deve ter pensado que eu não tinha dinheiro, ou sei lá que passou na cabeça dessa generosa agente das Linhas Aéreas Escandinavas. O fato é que me perguntou se eu havia comprado todo o trecho de uma vez. Disse que sim. Ela me olhou com cara de compaixão pelo terceiro mundo e disse que nesse caso prevalecia o critério de peso internacional. Incrédula e agradecida fui para a sala de embarque.
Às 12:50hs parti para Lulea num vôo lotado de suecos enormes, alguns vindos do túnel do tempo. Tinham uns oito quarentões cabeludos e tatuados, com roupa preta e instrumentos musicais. Certamente não eram do ABBA. Do alto se via o último mar que cruzei, com pequenas ilhas de areia. Pontualmente às 13:55hs desembarquei em Lulea. Um pequeno aeroporto com apenas três lugares para os aviões encostarem. Desci por uma escada no fundo do avião e lá veio o tal do vento gelado da cidade me dar as boas vindas.
Assim cruzei o Atlântico, o Mediterrâneo e o Báltico.

domingo, 20 de setembro de 2009

Primeira Viagem

Esta é a minha primeira viagem como blogueira e intercambista. Vou para Lulea, Suécia, na próxima semana em um intercâmbio entre a Universidade Católica de Santos e a Universidade Tecnológica de Lulea. A ideia deste blog é de servir de comunicação com meus alunos, colegas da universidade, amigos e parentes para contar as minhas viagens sobre a viagem a Lulea. Pretendo apenas oferecer minhas impressões pessoais, fazer comentários e relatar os eventuais micos que certamente acontecerão. Escrever sobre a vida diária que é o terreno sobre o qual a construção e o desenvolvimento das relações acontecem. E viajar!